segunda-feira, 11 de agosto de 2014

judeus brasileiros contra a política militar

Judeus brasileiros contra a política militar

LEONARDO BLECHER
Da Folhapress – São Paulo

Diferentes grupos de judeus brasileiros contrários à política militar israelense manifestaram sua crítica, ontem, na frente do consulado de Israel em São Paulo. O protesto reuniu pouco mais de dez pessoas, mas outras 100 assinaram uma carta aberta.

A palavra de ordem na rua do consulado era Não em meu nome, dita por judeus - alguns vestindo quipás e outros, lenços palestinos - que se declararam não-sionistas. Sionismo é o movimento que idealizou a criação de um Estado judaico.

Nossa expectativa é mostrar que existe esse tipo de espaço dentro da comunidade judaica, porque tem uma confusão muito grande entre identidade judaica e identidade nacional israelense, disse Yuri Haasz, 42, um dos organizadores da manifestação.

Além do formato etnocêntrico do Estado de Israel, criticamos o evidente desprezo a qualquer possibilidade de um Estado palestino existir, por mais que no discurso ela exista, afirma Haasz, que nasceu na cidade israelense de Haifa e mora no Brasil desde os 14 anos. Os manifestantes leram os nomes de diversas vítimas do conflito, israelenses e palestinos.

O cônsul de Israel em São Paulo, Yoel Barnea, se disse preocupado com o desgaste na imagem do país após a última operação militar em Gaza.

Logicamente isso tem prejuízo sobre nossa imagem e aceitamos diversos pontos de vista", disse à Barnea. "Se do nosso lado não morreram 2 mil pessoas é porque Israel toma medidas para defender seus civis, ao contrário do Hamas. Eu prefiro estar vivo e condenado do que morto e lamentado.

Já a carta aberta foi assinada por 100 acadêmicos, artistas e profissionais liberais judeus de nove cidades brasileiras. Eles criticam o governo israelense pela morte de civis e a política de construção de assentamentos em terras palestinas.

Repudiamos a tentativa do governo israelense de culpar unicamente esta organização [Hamas] pelas mortes de civis, inclusive mulheres e crianças, em suas operações militares", diz o documento.

As manifestações são opostas à opinião expressada anteriormente por instituições judaicas brasileiras, como a Conib (Confederação Israelita do Brasil) e a JJO (Juventude Judaica Organizada), que justificam a ação pelo direito de defesa israelense.

Durante o protesto em frente ao consulado, o diretor da Fisesp (Federação Israelita do Estado de São Paulo), Rubem Daniel Duek, discutiu com os manifestantes. Ele reclamou da ausência de críticas ao Hamas. É difícil, por que eles querem aparecer e estão desinformando a população, disse.

O cônsul israelense em São Paulo disse à reportagem que vai repassar ao governo de Israel as críticas que vêm sendo feitas no Brasil.

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